Postado por Rodrigo Hirooka, líder regional para comunidades de desenvolvedores no Brasil
Sentir-se diferente das outras pessoas pode ser uma experiência dolorosa. Mas essa experiência também pode ser reveladora. Durante sua infância no Brasil, João Victor Ipirajá, líder do Google Student Developer Club (GDSC) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), já sabia que era diferente. Muitas vezes, ele se sentia oprimido por sensações físicas e tinha dificuldades de socialização. Seu eventual diagnóstico de autismo foi, na verdade, um alívio. Longe de ser uma limitação, essa constatação deu a ele uma nova perspectiva sobre seu potencial intelectual, como sua capacidade de raciocínio lógico, de compreender conceitos matemáticos de forma altamente visual e de trabalhar com a programação para computadores. "Eu renasci para uma vida plena logo depois de receber esse diagnóstico", disse ele em um vídeo que fez sobre suas experiências como pessoa com TEA .
A Organização Mundial da Saúde estima que uma em cada 160 crianças tenham transtorno do espectro autista (TEA). Mas, embora o TEA seja relativamente comum, a ampla diversidade da condição e o desconhecimento sobre a neurodiversidade ainda podem dificultar o diagnóstico.
Essa nova compreensão de como sua mente funcionava ajudou a direcionar a trajetória educacional de João e também sua carreira. Em vez de cursar o ensino médio em uma escola tradicional, que ele achava que não seria a mais apropriada para seus talentos e seu potencial natural, João decidiu estudar no IFCE, uma faculdade técnica que também oferecia o currículo do ensino médio. Lá, ele estudou ciência e engenharia da computação, aprendeu novas linguagens de programação e aprimorou suas habilidades como desenvolvedor.
Mas o mais importante é que ele sentiu que havia "encontrado o seu lugar". Seu sucesso no IFCE em resolução de problemas, no uso de novas ferramentas e no trabalho com colegas superou o receio de conhecer novas pessoas e de não se enturmar. A experiência de encontrar uma comunidade o convenceu da necessidade de encorajar outras pessoas a encontrar as suas e de ajudá-las a se desenvolverem.
Ingressando no GDSC e expandindo a conscientização sobre neurodiversidade
Após o ensino médio, João decidiu continuar no IFCE para o curso superior e se concentrar em engenharia da computação, onde aprendeu sobre novas linguagens de programação e ferramentas, como o TensorFlow e o Flutter. Ele também ingressou no GDSC do IFCE , onde teve a oportunidade de conhecer novas pessoas e ideias. "É uma honra fazer parte desse programa, conhecer pessoas de todo o mundo e melhorar minhas habilidades de conversação, principalmente no inglês", comenta ele. "Para mim, isso é mágico. Eu aprendi muito."
Ao mesmo tempo, João estava começando a se conscientizar quanto à falta de compreensão sobre a neurodiversidade no Brasil, mesmo entre o público técnico e os empregadores em geral. "Algumas pessoas pensam que somos loucos ou incapazes de participar de grandes projetos", ele diz. Até mesmo os "bons" estereótipos podem ser nocivos. Por exemplo, muitas pessoas com neurodiversidades têm a capacidade do "hiperfoco" e de trabalhar ou estudar por horas ininterruptas. "As pessoas acham que isso é um superpoder", ele diz. "Mas períodos extremos de concentração também podem ser prejudiciais à saúde e levar ao esgotamento."
Promovendo a mudança com eventos e projetos do GDSC
Com líder do GDSC no IFCE, João decidiu concentrar seus esforços em expandir a conscientização sobre a neurodiversidade, além de outros tipos de diversidade — sexual, racial, religiosa etc. — para ajudar outras pessoas a vivenciar a mesma sensação de liberdade e pertencimento que ele. "Muitas pessoas não se sentem livres para ser quem desejam", ele diz.
As iniciativas do GDSC incluem planejamento de palestras com ativistas da diversidade e especialistas da comunidade, criação de conteúdo para redes sociais em parceria com o IFCE, criação de workshops com outros GDSCs do Brasil e colocação da diversidade como prioridade na seleção para posições centrais em equipes.
Recentemente, ele deu uma palestra em um evento do DevFest sobre o tópico "Compreendendo o universo do espectro autista", na qual explicou toda a gama de características e habilidades que as pessoas com autismo podem apresentar. Ele também quer fazer mais palestras em português para derrubar estereótipos sobre o autismo no Brasil, especificamente. "Este é apenas um grupo estudantil, mas estamos tentando desconstruir estereótipos e preconceitos que são culturalmente muito fortes no Brasil", ele diz.
Cultivando a compreensão e a aceitação no Brasil e em outros locais
Essencialmente, João acha que proporcionar mais oportunidades e plataformas que promovam a diversidade ajudará a todos. Conforme a comunidade continuar se unindo, ele talvez possa ajudar aqueles que têm o mesmo senso de diferença de que João se recorda quando criança. João e outros participantes de sua equipe do GDSC esperam, especialmente, que essas iniciativas promovam uma compreensão melhor de como elevar e celebrar os membros de grupos marginalizados em seu país de origem. Mas suas metas vão além da mera aceitação: ele observa que as pessoas que se sentem mais à vontade em sua própria pele também são mais confiantes para participar ativamente de todos os aspectos da sociedade. Pessoas com diferentes habilidades e características oferecem capacidades e perspectivas únicas que também podem se traduzir em vantagens, principalmente para os públicos técnicos e os empregadores.
"É muito importante que as pessoas tenham essa oportunidade de compartilhar suas histórias e de frequentar ambientes nos quais elas possam fazer com que as pessoas as entendam", ele diz. "Para mim, isso é muito importante, e é uma grande honra fazer parte disso."
6 comentários :
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Organizando eventos e palestras: O líder estudantil pode organizar eventos e palestras para discutir a neurodiversidade, seus desafios e suas oportunidades contexto. Convidar especialistas no assunto pode ajudar a trazer ainda mais profundidade às discussões.
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